Avança em Brasília plano para exportar carne frigo...

Publicada em: 19.03.2017

Avança em Brasília plano para exportar carne frigorificada pelo Itaqui

O presidente da EMAP – Empresa Maranhense de Administração Portuária, Ted Lago, esteve em Brasília no início desta semana, a convite do Ministério das Relações Exteriores, para participar de reunião sobre escoamento de carne conteinerizada pelo Norte do país, bem como a melhoria da logística com incentivo ao uso do modal ferroviário e a aplicação de medidas de facilitação de comércio que venham a agilizar os trâmites logísticos. 

O encontro, realizado no Palácio do Itamaraty, foi conduzido pelo coordenador-geral de Assuntos Econômicos da América do Sul, ministro João Carlos Parkinson de Castro, e reuniu pela primeira vez todos os integrantes dessa cadeia produtiva. Marcaram presença, além de Ted Lago, representantes da ABIEC – Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Carne, Porto Seco de Anápolis, Ministério dos Transportes (ANTT, SEP, Antaq), Valec, VLI, MSC – Mediterranean Shipping Company (armador) e Transpes – Transportes Pesados Minas (operador logístico). 

A conversa girou em torno do estudo que foi apresentado à equipe técnica da EMAP quando o ministro Parkinson visitou o Porto do Itaqui, em fevereiro último. A proposta do Ministério é fomentar a exportação para os Estados Unidos de carne frigorificada produzida na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), transportada pela ferrovia Norte-Sul e escoada via Itaqui. 

Segundo o ministro Castro, a realização desse projeto depende do trabalho conjunto de todas as partes dessa cadeia. “Temos aqui todos os elos de uma grande corrente que começa na produção e chega até o mercado final. O Porto do Itaqui está preparado para atender a essa nova demanda”, afirmou Ted Lago. 

A partir desse encontro será identificada a viabilidade operacional do projeto por parte das operadoras e de oferta das empresas. A ABIEC deve apresentar um levantamento da capacidade que os frigoríficos da região têm de exportação para o mercado norte-americano. 

Potencial

Para a ABIEC, representando os produtores, VLI e VALEC, representantes da logística ferroviária, ficou claro que a área de influência do Porto do Itaqui tem grande potencial como produtora de carne frigorificada e apresenta opção logística favorável com a Ferrovia Norte Sul e seus pontos estratégicos: Anápolis, Uruaçu, Gurupi, Palmeirante, Guaraí e Araguaína. 

A EMAP, como empresa pública integrante do Governo do Maranhão, entende que o contêiner abriga carga de alto valor agregado e de grande importância para diversos setores da economia brasileira. O potencial é significativo, sobretudo com a viabilização da movimentação de contêineres transportados por ferrovia. Neste sentido, a EMAP tem empreendido esforços para encontrar parceiros e ampliar sua infraestrutura, de modo a elevar o movimento de contêineres no porto. 

No momento estão em andamento os projetos de ampliação de infraestrutura portuária que integram o plano de investimentos da EMAP, entre os quais a adaptação do Pátio H para reefers (contêineres refrigerados) com instalação de tomadas. “Esse pátio deve estar pronto para operação no segundo semestre deste ano”, afirma Ted Lago. “A VLI – operadora ferroviária – participante da reunião, também se mostrou interessada em viabilizar essa demanda regional por carne processada”, completou. 

Logística reversa

Atualmente a carne produzida nessa região, em grande proporção destinada à exportação, está limitada a uma logística invertida, em termos de custos, distância e tempo.  Utiliza o modal rodoviário até os portos do Sudeste, de modo a embarcar em navios de longo curso nos portos de Santos, Paranaguá e Itajaí. Trata-se de uma logística desfavorável para o produtor, na medida em que o submete a um alto custo logístico. 

Uma maneira de mudar essa situação é estimular o uso dos portos do Norte, entre os quais o Itaqui. Desse modo o projeto piloto teria a vantagem de estimular o escoamento da carne "in natura" pelos portos do Norte do País, contribuindo para descentralizar o movimento da carga nos portos do Sudeste, proporcionando maior competitividade ao produto nacional. 

A aposta do Governo Federal está na abertura do mercado norte-americano como motor de elevação da produção da cadeia produtiva da carne bovina e, em consequência, contribuir para a geração de emprego no setor. Conta-se ainda que o reconhecimento norte-americano poderá acelerar a conquista de outros mercados. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a meta é elevar a participação brasileira no mercado internacional de produtos agropecuários dos atuais 7% para 10%.