Porto do Itaqui transforma a pesquisa científica no interior do Maranhão com projetos que unem sustentabilidade e tecnologia
Nos últimos três anos, o Porto do Itaqui tem se posicionado como agente transformador da pesquisa científica maranhense. Do ambiental à logística, da operação ao social, os projetos financiados geram impactos não só para o setor portuário, mas para o desenvolvimento regional e humano de todo o estado. Nesta semana, duas das 37 pesquisas que contam com o apoio do Porto apresentaram atualizações voltadas a soluções inovadoras e sustentáveis. A primeira é realizada pela UEMA Caxias e a segunda, pela UFMA Chapadinha.
Em Caxias, a equipe de pesquisadores do curso de Física, liderada pelo Prof. Dr. Juliermes Carvalho Pereira, criou uma forma mais limpa de gerar energia por meio do hidrogênio verde. O estudo, intitulado “Desenvolvimento de um reator eletrocatalítico à base de eletrodos de ligas de níquel para produção de hidrogênio verde e suas aplicações em operações portuárias”, usa revestimentos especiais de metal (ligas de níquel) para produzir hidrogênio a partir da água e com a ajuda da energia solar.
Dividido em etapas distintas, o hidrogênio gerado pelo projeto une baixo custo, alta eficiência energética e sustentabilidade. O uso dessa energia renovável pode reduzir gastos com combustíveis fósseis no futuro, inclusive para as operações portuárias.
“O nosso projeto tem por objetivo estudar novos materiais a fim de baratear o custo da eletrólise da água para a produção do hidrogênio verde em larga escala. Assim, utilizamos materiais orgânicos para não agredir o meio ambiente. Agora, com a pesquisa finalizada, nós vamos publicar os resultados em revistas para que esse conhecimento chegue ao máximo de pessoas. Agradecemos ao Porto do Itaqui pelo apoio essencial. Todos os equipamentos que existem hoje em nosso laboratório foram adquiridos com o financiamento do projeto”, afirmou o coordenador da pesquisa, Juliermes Carvalho Pereira.
Investimento para o presente e para o futuro
A partir do financiamento do Porto, os pesquisadores conseguem comprar diversos equipamentos e computadores de alta performance que contribuem não só para suas pesquisas atuais, mas que viabilizarão os futuros projetos desenvolvidos pelas respectivas universidades. Esse investimento vem por meio do Edital do Programa de Apoio à Pesquisa no Porto do Itaqui, lançado em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA). O programa iniciou em 2022 e já está na sua 3ª edição.
“O programa de apoio à pesquisa surge da tentativa de construir parcerias com as universidades locais para promover, de forma conjunta, soluções voltadas aos desafios enfrentados pelo Porto. Cada etapa desse programa conta com o total apoio do Governo do Maranhão e da FAPEMA. Juntos, estamos alinhados para fortalecer o desenvolvimento científico e tecnológico do nosso estado”, pontuou o diretor de operações do Porto, Hibernon Marinho.
Ao longo de sua execução, o programa de apoio à pesquisa tem gerado resultados que atendem aos objetivos do edital, às boas práticas de gestão e promovem impactos significativos na vida das pessoas envolvidas e na dinâmica das comunidades atendidas. “A parceria entre a FAPEMA e a EMAP, por meio do Edital de Apoio à Pesquisa no Porto do Itaqui, é um passo estratégico para o desenvolvimento científico e tecnológico do Maranhão.
Ao financiar projetos que abrangem os setores portuário, marítimo e logístico, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e ao Plano Maranhão 2050, reforçamos nosso compromisso de transformar conhecimento em soluções inovadoras para o desenvolvimento do estado e em benefício de toda a sociedade maranhense”, destacou o presidente da FAPEMA, Nordman Wall.
Inovação e Pioneirismo
Na UFMA de Chapadinha, também tem pesquisa que trabalha com soluções ambientalmente sustentáveis. Com uma técnica pioneira no estado do Maranhão, o projeto é conduzido pelo Prof. Dr. Gustavo André de Araújo e utiliza tecnologias de sensoriamento remoto e aprendizado de máquina (machine learning) para analisar a dinâmica do CO2 no solo.
A parte prática é feita por meio do uso de sensores e drones, além de coletas de solo, utilizando os métodos tradicionais para validação dos modelos de machine learning. Esse processo de captação acontece na Fazenda Barbosa, localizada no município de Brejo. O espaço foi escolhido pelo fato de ser uma vitrine tecnológica para todos os produtores da região em termos de adoção de práticas sustentáveis, principalmente quando se fala de agricultura regenerativa, de baixo carbono e agricultura inteligente para o clima. A fazenda conta com vários sistemas de integração, lavoura e pecuária com mais de 8 anos de implantação.
Atualmente, a pesquisa já realizou a avaliação do solo durante o período seco. Ao final da safra de soja, será avaliado o estoque de carbono no período chuvoso, pois o solo úmido e o solo seco possuem respostas espectrais diferentes. Quando houver os resultados de cada comparação, o projeto fará capacitações destinadas aos agricultores da região. Cada etapa é conduzida pelo professor Gustavo de Araújo que, aos 33 anos, viu na pesquisa uma maneira potente de iniciar sua carreira na docência.
“O edital do Porto foi fundamental para a guinada do meu início de carreira. Eu sou um jovem cientista, tenho apenas um 1 ano e 8 meses de UFMA e, logo que entrei, concorri ao edital e fui contemplado. A partir do projeto, pude comprar equipamentos de ponta e montar o laboratório. Agora, nós temos uma infraestrutura bastante competitiva cientificamente a nível nacional e internacional. Eu quero contribuir com a transformação de vidas por meio da ciência, assim como a minha trajetória também foi transformada”, compartilhou o coordenador do projeto.
Além dos muros das universidades
Com o nome “CARBOSCAN: Monitoramento multiespectral e análise de big data para estimativa de carbono em áreas agrícolas na rota de exportação de grãos do Porto do Itaqui”, a pesquisa da UFMA Chapadinha evidencia o potencial produtivo do estado e ainda fortalece a relação porto-cidade ao se conectar com as mais diversas pessoas, como é o caso do produtor Vitor Barbosa. Aberto às novas tecnologias, Vitor cultiva milho, soja, eucalipto e arroz para a população de Brejo e cidades vizinhas.
“É uma alegria muito grande fazer parte desse projeto com o Porto do Itaqui, principalmente pelo fato de estarmos contribuindo com a pesquisa científica do Maranhão. Estamos abertos para descobrir novas técnicas de produção e evoluir cada vez mais”, celebrou o produtor.
Formação de pessoas
Superando os resultados práticos, o programa de pesquisa impulsiona a carreira acadêmica de quem produz ciência no Maranhão. Prova disso é a história do estudante Sandro Gaspar Holanda. Natural de Coelho Neto, Sandro foi à Caxias para estudar e tem utilizado o projeto do hidrogênio verde para crescer academicamente.
"A partir desse projeto, eu pude conhecer diversas técnicas que podem ser implementadas. No futuro, já planejo entrar em um mestrado e quero que seja na área de física aplicada. Vou fazer uma continuação de tudo que desenvolvi aqui”, analisou o estudante.
Quem também utilizou a pesquisa para impulsionar seus objetivos e já está no mestrado foi a pesquisadora Alayne Araújo Rodrigues. Aos 24 anos, ela sempre gostou da área de ciências agrárias e conseguiu se aperfeiçoar a partir da pesquisa da UFMA Chapadinha. “O projeto teve um impacto muito positivo na minha vida, tanto intelectual quanto na convivência com os meus colegas de laboratório. Eu espero que esse projeto não pare por aqui e que outros estudantes possam ter a oportunidade de participar de iniciativas inovadoras", compartilhou a mestranda.
Conexões com os objetivos portuários
Cada projeto apoiado pelo Porto é gerenciado pela Empresa Maranhense de Administração Portuária- EMAP, autoridade portuária do Itaqui. Os projetos são acompanhados pela Gerência de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação que avalia e encaminha para o setor específico. No caso dos estudos apresentados, a Gerência de Meio Ambiente que avalia tecnicamente as etapas dos projetos.
"A pesquisa do hidrogênio verde está muito próxima ao processo de descarbonização que estamos fazendo no Porto do Itaqui. Nós precisamos fomentar, junto à academia, essa temática. Os resultados são surpreendentes e demonstram a importância do programa de apoio à pesquisa”, pontuou a coordenadora de licenciamento ambiental do Porto do Itaqui, Carolina Coutinho.
Ao todo, já são 15 cidades do Maranhão contempladas pelo programa de apoio à pesquisa no Porto do Itaqui com 298 pessoas diretamente impactadas. "O Porto está cada vez mais empenhado em apoiar pesquisas que transformam e levam impactos diretos ao nosso estado por meio de avanços, inovação e fortalecimento das nossas cadeias produtivas”, finalizou o gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação do Porto, Gabriel Mateucci Cassia.